Os homens da antiguidade estavam submersos numa cosmovisão fantástica, na qual o cosmos não era, de maneira nenhuma, este que enxergamos, visto hoje muitas vezes como vazio, monótono e sem graça, herança de um ceticismo moderno.
Portanto, para eles, a vida talvez estivesse ligada mais a mistérios e desafios do que a certezas e seguranças da racionalidade humana, mesmo que ninguém pensasse ser impossível o ideal de conhecer a origem de tudo; aqui os mistérios eram gigantescos como se caminhassem com passos pesados e lentos ao lado desse homem “menos racional” e guardassem, desde o início dos tempos, as respostas tão almejadas, observando do céu as criaturas terrestres.
Algo da cultura desses povos chegou até nós; dentre os quais, o de maior valor para o ocidente, formador de uma tradição, foi o grego, deixando-nos a sua riquíssima literatura.
Assim, nos são conhecidas partes essenciais e fragmentos impressionantes da visão de mundo dos gregos: as lendas, os mitos, as jornadas e aventuras de heróis ainda são estudadas, com as quais, entusiasmados, podemos ainda sentir o sangue pulsar com força, e assim fazendo que nosso espírito, em choque, se acorde voltando-se a esses mistérios.
Quão importante é conhecer a literatura desse período remoto, que tem início em aproximadamente 1800 anos antes de Cristo? A resposta talvez não seja entendida de primeira por leitores que não estão acostumados ao tema da mitologia, mas façamos uma tentativa: pois a importância disso, quanto aos primeiros períodos da literatura grega, é enorme, porque no mínimo precisamos dela para nutrir o intelecto, depois como base para encarar outros temas tratados na tradição que se seguiu – os quais se ligam até os temas científicos atuais – usando-se de seus símbolos, personagens, tipos humanos, modelo de composição, dentre tantos outros elementos.
Ainda antes de Homero e dos oráculos, temos a Poesia Sacerdotal, conhecida por nos dar as primeiras poesias gregas, eram hymnos, poesias místicas, teogonias e cosmogonias, que logo mais conheceremos na continuidade deste estudo.
Eduardo Rocha