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O Rei Divino e Seu Mundo

Os chefes guerreiros que governavam os aqueus a partir dos palácios eram chamados de Anax. O Anax era uma das figuras que serão mestres da verdade no mundo micênico.

Ele dispõe do poder da palavra, uma palavra que quando dita manifesta no mundo aparente aquelas forças divinas que parecem agir quase que nos bastidores do mundo.

Desse modo, a fala do Anax tem poder de manifestar no mundo suas potências criadoras. Ele fala e age para recriar a ordem no mundo. É o Rei Divino que mantém a ordem cósmica e por isso cabe a ele todas as funções organizadoras do mundo humano.

O Anax dita a manutenção da liturgia religiosa, que por sua vez reflete e mantém girando os ciclos naturais e da própria cultura do seu povo. Todos os rituais, sacrifícios e ofertas são organizados e mantidos pela palavra eficiente do Anax. É ele que mantém a continuidade do mundo e das tradições do povo. O Anax como organizador do mundo irá concentrar em sua figura e no palácio os poderes e recursos.

Os mecanismos de concentração, exercício e distribuição de poder e recursos pelo Anax dependia de seus vassalos nobres que comandam um agrupamento de guerreiros. Na tradição hititas esses seriam a grande família hitita que cerca o rei guerreiro ajudando na manutenção de seu reinado. Essa classe de chefes militares ligados ao Anax por parentesco ou legalidade faziam a ligação entre o palácio e as lideranças locais.

É a partir do palácio, do Anax e desse círculo de nobres que os recursos concentrados são distribuídos para sustentar as atividades rituais, industriais, militares e comerciais. É a partir dessa rede que os artesãos recebem matéria prima e sustento e que seus produtos são depois exportados, que se compra novos artefatos e matéria prima de outros povos, que as armaduras e carros de guerras são fornecidos ao corpo militar. É também por meio desses que as informações contabilizadas e registradas pelos escribas são reunidas e apresentadas no palácio, portanto, garantindo a fiscalização da produção e do armazenamento dos recursos.

A concentração, fiscalização e distribuição de poder e recursos depende também da disposição da posse da terra. É possível distinguir a distribuição da terra entre aquela dada a um guerreiro ou homem de confiança como recompensa ou para salvaguarda do território pelo Anax, havendo portanto uma dependência direta entre o palácio e o proprietário que dispõe da terra, e entre os camponeses que fazem uso comum de uma porção de terra cuja produção garante o sustento comum e o pagamento das tributações. Esse modelo tem casos semelhantes entre os hititas e entre alguns povoamentos do território indiano.

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