Apenas com os capítulos iniciais do Familia Romana, já somos capazes de compor nossas primeiras frases em latim. Mesmo as sentenças mais curtas já nos treinam para as construções mais elevadas que poderão ser feitas na medida em que avançamos. Esse treino diz respeito à própria compreensão da língua que se faz necessária. Quando compomos um texto curto, mesmo sem construções complexas, as tantas perguntas que nos surgem são o verdadeiro começo do nosso aprendizado. Mesmo que não sejam perguntas carentes de soluções mirabolantes, já nos fazem ler com mais cuidado.
Um exercício de composição, portanto, por mais simples, reforça o aprendizado, “coloca muitas palavras nos seus eixos”, ou até mesmo nos pede um maior esforço imaginativo. Podemos engrenar nessa atividade criativa de dois modos, que já são suficientes a qualquer aluno que esteja iniciando o estudo da língua latina. Podemos unir conhecimentos básicos que temos de um assunto ou outro, separar em frases curtas acontecimentos ou características a serem narradas e depois compor um parágrafo maior a partir disso. Ou também podemos tomar imagens, alguma cena montada, com vários elementos, dentre eles personagens, ações e objetos, como é o exemplo da figura bucólica do capítulo do livro didático onde há as ovelhas e o pastor no campo. Das imagens que temos ou das afirmações, podemos compor novas frases e novas sentenças que não estão compreendidas de modo idêntico no material que usamos, mas facilmente poderiam estar.
Poderíamos pensar, por exemplo, na figura dos dois irmãos, já bem conhecidos desde os primeiros episódios narrados no Familia Romana, Marcus e Quintus. A respeito deles dizer algumas coisas básicas, primeiro, quem são e depois que um está em casa de cama enquanto o outro estuda na escola, acrescentando poucas informações que já devam ser conhecidas do livro didático.
Marcus puer Romanus est. Puer Romanus vocatur quia in Roma habitat. Frater Marci est Quintus. Marcus et Quintus in eadem villa habitant, sed nunc Marcus in ludo puerorum est et Quintus in cubiculo suo. Marcus discit litteras latinas et numeros. Quintus in cubiculo est quia aeger est.
As frases são simples, mas já há uma grande diferença de compreensão e do uso da própria memória durante outras leituras quando exercitamos a nossa escrita, utilizando os mesmos nomes em suas flexões de todo tipo, ou apenas das que lembramos. De cada frase curta ou atribuição, ainda podemos deduzir outras verdades fáceis de expressar contidas no texto que nos convenham escrever.
Na medida em que criamos os textos sempre mais ilustrados e completos, ainda é possível tomar os nossos antigos, notar erros ao relê-los, notando até usos inadequados de verbos, nomes, conjunções, dentre todo tipo de erro. Com os textos antigos também podemos produzir outros maiores aplicando novos conhecimentos gramaticais e de vocabulário. Assim compreendemos ainda melhor a profundidade que pode ter uma atividade simples como essa, privilégio que só textos estruturados e lições postas de maneira gradual, como é o caso do aprendizado pela série Lingua Latina, podem nos oferecer, o que nos dá ainda mais força na absorção em escritas de todos os gêneros literários.