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A oração em latim

A literatura, de diversas culturas e tempos, forma-se numa longa trama, onde se encontra a amálgama de símbolos e significações próprias e a condição individual de quem escreve. Quando falamos de tudo que é patrimônio dos homens desse imenso trajeto, é muito comum tomarmos por baixo o que permanece vivo há muitos anos, mas extremamente pesado ou profundo de significado. Assim fazemos como que “naturalmente” com as orações da Igreja, que são colocadas nas palavras sem dúvida carregadas das impressões de suas próprias culturas.

As orações, por vezes investigadas com tanta profundidade, ao mesmo tempo, encontram dúvidas práticas próprias do nosso tempo, das confusões da nossa cultura e, por outro lado, sempre foram assunto sem fim. No entanto, a prática parece simples: direcionar uma intenção a Deus por palavras e gestos. Aqui, na verdade, podemos pensar em algumas etapas maiores do que sobrepor às palavras alguns significados importantes do que as frases querem dizer. E sobre proferir as palavras, notamos que mesmo uma poesia em determinada língua ou dialeto, que é fruto de qualquer pessoa que a componha, pode conter em si uma gama enorme de significados que vão muito além de uma expressão técnica, quanto mais não contém em si uma oração?

É nesse ponto que falamos dos textos das orações em vernáculo ou em latim. Ao rezar em português, estamos tentando contemplar o que as palavras nos sugerem, então por que nem sempre falamos da mesma exigência para rezar em latim? Essa é uma das questões práticas que surgem a cada instante, seja num grupo de amigos católicos ou numa reunião de formadores de catequese: até onde compreender esse latim? A resposta, pode parecer até óbvia, embora não seja, é que, pelo menos tenhamos vontade de compreendê-las todas. E não basta emitir o próprio julgamento de sofrer para conhecer ou verbalizar as palavras em pronúncia eclesiástica, por que não ir além disso? Pois a exigência ainda assim é muito menor do que a de alguém que enfrentará os estudos literários ou filosóficos em latim.

A boa notícia é que o latim das orações não está fora do nosso alcance, e podemos compreendê-lo em sintaxe e semântica com poucas aulas. Temerário é julgar que os fiéis ou até seminaristas nunca possam compreendê-lo sem antes passar pelos famosos sete anos de latim ou dez anos de estudos humanísticos, o que é sem dúvida um equívoco.

Por fim, pensemos que latim é também a nossa língua materna, mesmo sendo dita a língua portuguesa como um latim corrompido, ou uma ramificação longínqua da língua romana, mas sobretudo não deixemos de respeitá-la numa boa medida.

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