Quando iniciamos a leitura do primeiro capítulo, parece tudo muito simples e fácil. E, na verdade, é isso mesmo, inicialmente deve ser assim. Certo, mas será que basta ler e entender o que está escrito? Por acaso, lembramos o nome de tudo que apareceu? Será que lembramos o gênero de cada palavra? Será que usamos tudo que tínhamos à disposição no material didático?
O nosso texto se inicia com um mapa e uma figura ilustrativa que contém aquelas três palavras ‘insula’, ‘oppidum’ e ‘fluvius’ (há um texto aqui no perfil sobre isso), que nos indicam os três primeiros tipos de substantivos que devemos aprender. O texto repete-os junto de adjetivos e, assim, descreve exatamente o que estamos vendo no mapa, o qual normalmente o aluno confere várias vezes e vai, aos poucos, aprendendo a formar as primeiras sentenças com o verbo ‘esse’ flexionando os substantivos em número.
Mas não é tudo! Algo muito mais sutil nos é exigido após isso, o que certamente fica difícil de compreender e praticar sem o intermédio do professor. O que é? Para analisar melhor a qualidade de nosso estudo, pensemos numa divisão em três níveis de capacidade:
1- Ler e compreender.
Num primeiro nível, lemos o que está escrito, aprendemos as novas palavras e não temos nenhum problema para reconhecê-las novamente, algo que é facilitado pelo método no que diz respeito à facilidade de memorizar cada novo vocábulo. Prova disso é que a maioria dos alunos compreende sem problema o Colóquio correspondente ao capítulo lido que se encontra no livro Colloquia Personarum.
2- Fazer os exercícios.
De modo muito simplificado, diria que o segundo nível é ser capaz de fazer todas as questões do caderno de exercícios e do pensum, que fica no mesmo capítulo do livro. Os exercícios vão exigir um pouco mais, principalmente porque teremos de escrever as palavras que aprendemos do modo mais fiel possível ao estilo e à grafia do livro. Aqui a escrita deve ser correta e o aluno não pode vacilar, ainda mais quando o grau de dificuldade é bem baixo, como no primeiro capítulo.
3- Dominar tudo o que está no capítulo.
Num terceiro nível, temos o domínio completo do assunto, da escrita, da fala e do vocabulário. Este nível não depende apenas do conhecimento do mínimo que nos é cobrado pelo método ou pelo próprio professor (isso que está nos pontos 1 e 2 aqui listados), além disso, é muito difícil de avaliá-lo. Aqui trata-se do domínio do assunto ao ponto de o aluno ser capaz de repetir tudo o que leu, em latim, sem dificuldades, usando o vocabulário que foi aprendido e ainda sendo capaz de criar novas composições com o que possui. Depois, deve ser capaz de traduzir, não apenas de um modo, mas de vários modos as mesmas sentenças para a sua própria língua.
Nem todos precisam estar nesse último nível para passar para as próximas etapas, mas se alcançarem isso, terão muito mais facilidade e resultados muito bons em médio e longo prazo.
Contudo, é comum que a maioria esteja ansiosa por completar as lições e conhecer o vocabulário latino de uma vez por todas. Por isso, nada melhor do que essa distinção, para quando pensarmos que fizemos de tudo e chegamos à perfeição no estudo, porque sempre há muito mais por fazer.